“Dignidade dos tradutores”
Thread poster: Galina Mitrohovitch
Galina Mitrohovitch
Galina Mitrohovitch  Identity Verified
Local time: 22:23
Portuguese to Russian
+ ...
Oct 3, 2010

Caros colegas

Há uma (quase) conceituada editora de Lisboa que me encomendou a tradução de um livro de 320 páginas, mas não pagou, e que, segundo tudo indica, não quer pagar mesmo. Já passaram 4 meses depois do prazo estipulado para pagamento e 6 meses, depois da entrega da tradução. A última vez que ouvi da editora foi em 23/08 (promessa de resolver até ao fim de Agosto), depois deixaram de responder. Tampouco responderam à carta registada com aviso de recepção, na qu
... See more
Caros colegas

Há uma (quase) conceituada editora de Lisboa que me encomendou a tradução de um livro de 320 páginas, mas não pagou, e que, segundo tudo indica, não quer pagar mesmo. Já passaram 4 meses depois do prazo estipulado para pagamento e 6 meses, depois da entrega da tradução. A última vez que ouvi da editora foi em 23/08 (promessa de resolver até ao fim de Agosto), depois deixaram de responder. Tampouco responderam à carta registada com aviso de recepção, na qual fixei o prazo de 10 dias para pagar “sob pena de me ver forçada…”
Outros pormenores relevantes:
1) Não tenho contrato. Isto é, enviaram-mo, assinei e devolvi, mas nunca recebi o meu exemplar de volta.
2) O meu recibo verde está na posse da editora desde o dia 10/06.

Curiosamente, a Associação Portuguesa de Tradutores, da qual sou sócia, que “tem por objecto a defesa dos interesses e da dignidade dos tradutores”, também não responde ao meu pedido de orientação (desde 8 de Setembro enviei duas mensagens electrónicas e fiz um telefonema).

Algum colega teve um caso parecido? Como é que procedeu? Agradeço qualquer informação.

P.S. No caso de alguém precisar do nome da editora (para evitar cair no mesmo erro), poderá contactar-me directamente, já que as regras do fórum proíbem revelar os nomes.
Collapse


 
Maria Teresa Borges de Almeida
Maria Teresa Borges de Almeida  Identity Verified
Portugal
Local time: 22:23
Member (2007)
English to Portuguese
+ ...
Advogado! Oct 3, 2010

As poucas vezes (apenas 2 em 30 anos de actividade!) em que tive problemas semelhante (não eram editoras mas agências de tradução), recorri a um advogado. Num dos casos, também não tinha contrato, mas felizmente tinha guardado toda a correspondência trocada (quase toda por e-mail). Creio ser a única solução...

 
Fernando Guimaraes
Fernando Guimaraes  Identity Verified
Portugal
Local time: 22:23
German to Portuguese
+ ...
Contacto directo Oct 4, 2010

Dirija-se as instalações do cliente acompanhada de copia de todos os documentos e comece por se enganar na porta e a tentar nas portas vizinhas a dizer que vem cobrar. Depois acerte na porta e solicite o pagamento, fale sempre educadamente mas de maneira que toda gente ouça, ponha duas hipoteses de pagamento: ou paga ou paga mesmo.
Não se deixe intimidar, talvez se for acompanhada seja melhor. Repita se necessário.
Boa sorte.


 
Salvador Scofano and Gry Midttun
Salvador Scofano and Gry Midttun
Norway
Local time: 23:23
English to Portuguese
+ ...
Sugestão e idéias Oct 4, 2010

Minha solidariedade.

Uma sugestão: junte emails, correspondências, enfim tudo que comprove a comunicação entre as duas partes e passe para um advogado. Parece que infelizmente algumas empresas precisam ser pressionadas para poder pagar.

Por outro lado fica a idéia de que como autônomos precisamos nos precaver antes de realizar serviços, principalmente para novos clientes. Essa precaução, é claro, deve ser tanto maior quanto o volume do trabalho, já que para t
... See more
Minha solidariedade.

Uma sugestão: junte emails, correspondências, enfim tudo que comprove a comunicação entre as duas partes e passe para um advogado. Parece que infelizmente algumas empresas precisam ser pressionadas para poder pagar.

Por outro lado fica a idéia de que como autônomos precisamos nos precaver antes de realizar serviços, principalmente para novos clientes. Essa precaução, é claro, deve ser tanto maior quanto o volume do trabalho, já que para textos grandes, as perdas são proporcionalmente grandes.
Entre essas precauções sugiro:

1) Verificar se o cliente tem registro no Blue Board. Se tiver, verifique se ao longo dos anos deixou de pagar, pagou atrasado etc. Para mim basta que um tradutor chegue a reclamar de uma empresa, e eu já fico desconfiado.

2) Se não tiver registro no Blue Board, aí o cuidado deve ser muito maior. É preciso uma ordem de serviço, enfim algum documento que relacione o serviço com o total a ser recebido. Mesmo que seja uma editora "conhecida".

3) É bom também que a ordem de serviço especifique exatamente o que vai ser feito. Isso evita que o cliente depois peça para que gráficos, figuras, adendos, anexos etc, que não estavam previstos sejam incluídos no serviço, sem o correspondente aumento no preço. Nesse sentido, é fundamental analisar o trabalho com profundidade para depois não sofrer as conseqüências de uma avaliação precipitada.
O ordem de serviço deve especificar o prazo de pagamento. Algumas empresas querem pagar em 45 ou 60 dias. Só tem um detalhe: se formos à padaria, lojas, restaurantes, carpinteiros, pipoqueiros e dissermos que só pagamos em 60 dias, dificilmente seremos atendidos. Se uma empresa não tem fluxo de caixa para pagar os serviços em prazos custos, deve estar mal financeiramente ou quer abusar do prestador de serviços.

Boa sorte!
Collapse


 
Ursula Dias
Ursula Dias  Identity Verified
Portugal
Local time: 22:23
French to German
+ ...
Procedimento de injunção de pagamento Oct 4, 2010

Para valores não superiores a € 14 963,94, existe em Portugal o procedimento de injunção de pagamento pelo qual não se precisa a ajuda dum advogado.

Para mais informações:
http://www.redecivil.mj.pt/ProcedSimplificados.htm

Este procedimento é fácil, não vai custar muito e fará pressão ao cliente.
(Alias, um advogado, num primeiro passo
... See more
Para valores não superiores a € 14 963,94, existe em Portugal o procedimento de injunção de pagamento pelo qual não se precisa a ajuda dum advogado.

Para mais informações:
http://www.redecivil.mj.pt/ProcedSimplificados.htm

Este procedimento é fácil, não vai custar muito e fará pressão ao cliente.
(Alias, um advogado, num primeiro passo, também não vai fazer outra coisa que um procedimento de injunção de pagamento)

Suponho que o preço pela tradução de 350 páginas não excedeu os 14.963,94 €

Então aquele procedimento de injunção poderia ser uma boa alternativa para a Galina ....

Boa sorte!
Collapse


 
Christopher Fitzsimons
Christopher Fitzsimons
Switzerland
Local time: 23:23
Portuguese to English
+ ...
Contacto directo Oct 4, 2010

Fernando Guimaraes wrote:

Dirija-se as instalações do cliente acompanhada de copia de todos os documentos e comece por se enganar na porta e a tentar nas portas vizinhas a dizer que vem cobrar. Depois acerte na porta e solicite o pagamento, fale sempre educadamente mas de maneira que toda gente ouça, ponha duas hipoteses de pagamento: ou paga ou paga mesmo.
Não se deixe intimidar, talvez se for acompanhada seja melhor. Repita se necessário.
Boa sorte.


Galina, isto e completamente inaceitável; é mesmo abuso! Eu também tive uma experiência muito semelhante e a pesar de ter contactado a agência por telefone/e-mail muitas vezes e a pesar de eles terem pedido desculpas e terem prometido efectuar o pagamento, não aconteceu nada até... eu fui ao seu escritório dois dias seguidos e fiz exactamente o que Fernando aconselha fazer... et voilà! Pagaram as minhas duas facturas. É verdadeiramente uma pena, mas parece-me que há muitas mais agências que tentam enganar os tradutores de esta maneira em Portugal e que isto acontece muito menos nos países do norte da Europa. Claro que estou a generalizar um pouco mas pessoalmente é assim que tem sido a minha experiência. É preciso educar estas pessoas que isto é uma prática mesmo insultante e péssima e que os tradutores não vamos aceitar este tipo de tratamento. Também acho que é muito importante escrever sobre esta experiência no "Blue Board" de Proz.com. Os tradutores precisamos todos de ajudar aos nossos colegas a evitar agências que fazem coisas assim.

Boa sorte!


 
Galina Mitrohovitch
Galina Mitrohovitch  Identity Verified
Local time: 22:23
Portuguese to Russian
+ ...
TOPIC STARTER
... Oct 4, 2010

Teresa
É o primeiro caso em 25 anos. Sinais da crise? Sim, já ponderei recorrer a advogado, parece inevitável.

Fernando
Sim, conheço, é o procedimento de "cobrador de fraque". Mas não tenho jeito para tais coisas.

Salvador
Não é uma agência de tradução, é uma editora e não está registada na BB. De qualquer forma, nunca imaginei que o problema pudesse vir daquele lado, a dona da editora até está na Wikipedia.

Ursula... See more
Teresa
É o primeiro caso em 25 anos. Sinais da crise? Sim, já ponderei recorrer a advogado, parece inevitável.

Fernando
Sim, conheço, é o procedimento de "cobrador de fraque". Mas não tenho jeito para tais coisas.

Salvador
Não é uma agência de tradução, é uma editora e não está registada na BB. De qualquer forma, nunca imaginei que o problema pudesse vir daquele lado, a dona da editora até está na Wikipedia.

Ursula
Será o meu passo seguinte. A minha única preocupação é conseguir apresentar a tal injunção sem advogado, nesta fase. Não faço ideia do que eles cobram. Oxalá o valor fosse como cita, mas não, é 5-6 vezes inferior. Trabalhei, por cima, por uma tarifa igual à de empregada doméstica, que aceitei porque queria mesmo traduzir aquele livro. Disseram que se pagava dois meses depois da entrega e, afinal, nunca. De facto, é demais. Se for preciso, irei a tribunal. Curiosamente, no mesmo período fiz dois trabalhos pequenos para outro editor e fui paga no próprio dia da entrega.

Ah, e os juros? Há juros? (Nem que seja para compensar correios, telefonemas, injunções... E quem compensa o tempo perdido?).

Obrigada a todos!
Collapse


 
Barbara Santos
Barbara Santos  Identity Verified
Portugal
Local time: 22:23
Member (2005)
German to Portuguese
+ ...
Necessidade de advogado Oct 8, 2010

Bom dia a todos!

Quero apenas dar a minha solidariedade à Galina e agradecer à Ursula por partilhar esta informação muito útil. Pesquisando um pouco mais encontrei algumas informações eventualmente relevantes sobre este tipo de processo, como o custo de dar início ao requerimento:

http://www.mj.gov.pt/sections/justica/injuncoes

Aproveito para
... See more
Bom dia a todos!

Quero apenas dar a minha solidariedade à Galina e agradecer à Ursula por partilhar esta informação muito útil. Pesquisando um pouco mais encontrei algumas informações eventualmente relevantes sobre este tipo de processo, como o custo de dar início ao requerimento:

http://www.mj.gov.pt/sections/justica/injuncoes

Aproveito para desejar bom fim-de-semana a todos e boa sorte à Galina.

Cumprimentos,
Bárbara
Collapse


 
Post removed: This post was hidden by a moderator or staff member for the following reason: Off-topic.
Galina Mitrohovitch
Galina Mitrohovitch  Identity Verified
Local time: 22:23
Portuguese to Russian
+ ...
TOPIC STARTER
"Foi assim" Dec 29, 2011

Achei interessante informar sobre o desfecho de esta história, o qual, estou convencida, ninguém vai adivinhar, e nem eu estava à espera.

Cronologia:
- Outubro 2010.
A injunção não foi possível. Segundo me explicaram no tribunal, a injunção é para os casos “direitinhos”: serviço prestado>factura (mas daquelas oficiais, em caderneta)>falta de pagamento>injunção. No meu caso, que já tinha emitido o recibo verde, não servia.
Em resposta a uma men
... See more
Achei interessante informar sobre o desfecho de esta história, o qual, estou convencida, ninguém vai adivinhar, e nem eu estava à espera.

Cronologia:
- Outubro 2010.
A injunção não foi possível. Segundo me explicaram no tribunal, a injunção é para os casos “direitinhos”: serviço prestado>factura (mas daquelas oficiais, em caderneta)>falta de pagamento>injunção. No meu caso, que já tinha emitido o recibo verde, não servia.
Em resposta a uma mensagem da APT (não podem fazer outra coisa, não tem apoio jurídico), a editora comunicou que ia pagar “prontamente”. Nem pronta-, nem lentamente.

- Novembro 2010-Abril 2011.
Calhou-me um advogado (É preciso ter azar!) que durante esse tempo todo não fez rigorosamente NADA. Impotente, desisti do dito advogado. (Por acaso, não estou arrependida: a justiça portuguesa nunca mais decide, mas quando finalmente decide é normalmente o contrário ao bom senso, eu ainda ficava a dever…)

- Maio 2011.
Soube que a editora tinha incluído o meu recibo verde na sua declaração de IRS de 2010. Como não lembrar Fernando Pessa com o seu “E essa, hein?”
Por não perceber como devia proceder com a minha declaração de IRS neste caso, não achei nada melhor do que exigir à editora a devolução do recibo verde, abdicando do pagamento.

- Junho 2011. Devolveram “prontamente”. Fim da história. Desde o envio do recibo verde até à sua inglória devolução passou exactamente um ano. Com muitos nervos e, principalmente, muito tempo perdido.

- Ah sim, ao longo deste tempo todo a editora portuguesa também não respondia à editora russa (com a qual assinou o contrato mas não chegou a pagar os direitos de autor), nem à escritora, até esta última renunciar oficialmente a ser publicada pela tal editora.

Quanto mais penso no assunto, menos percebo. Miséria não será, a editora não está falida, continua a publicar, e a sua proprietária que também é dona de “print-on-demand” só de pensão vitalícia por ter sido durante 12 anos deputada de dois partidos muito diferentes aufere 3000 euros/mês.
Miserabilismo!

É curioso que há uns tempos li na imprensa ou vi na TV, já não me lembro, o dono duma daquelas lojas "compro ouro", que agora proliferam, contar que lhe apareceu uma empresária para vender um quilo de jóias, a fim de poder pagar os ordenados aos funcionários. Esta sim, é EMPRESÁRIA.

Votos de um bom 2012 e clientes que pagam!

Galina
Collapse


 
Maria Amorim (X)
Maria Amorim (X)  Identity Verified
Sweden
Local time: 23:23
Swedish to Portuguese
+ ...
Boa sorte! Dec 29, 2011

Penso que os colegas já esgotaram o leque de possíveis soluções. Assim, limito-me a manifestar a minha solidariedade, na esperança de que este assunto se resolva de forma positiva.

Feliz 2012!


 
Ivana de Sousa Santos
Ivana de Sousa Santos  Identity Verified
Portugal
Local time: 22:23
French to Portuguese
+ ...
Injunção funcionou no meu caso Dec 29, 2011

Contra uma cliente inglesa.

O meu advogado meteu uma injunção no tribunal e acabei por receber não só o dinheiro que me deviam como também o dinheiro do valor gasto na injunção. No fundo apenas gastei dinheiro com o advogado. Eu tinha os mails trocados com a cliente e os recibos verdes passados.

Não deixe de fazer esta injunção, Galina, pois fica sempre com um título de dívida. Os tribunais chegam até a penhorar os devedores para que paguem.

P
... See more
Contra uma cliente inglesa.

O meu advogado meteu uma injunção no tribunal e acabei por receber não só o dinheiro que me deviam como também o dinheiro do valor gasto na injunção. No fundo apenas gastei dinheiro com o advogado. Eu tinha os mails trocados com a cliente e os recibos verdes passados.

Não deixe de fazer esta injunção, Galina, pois fica sempre com um título de dívida. Os tribunais chegam até a penhorar os devedores para que paguem.

Posso fornecer-lhe o nº do meu advogado em privado se quiser.
Collapse


 
Galina Mitrohovitch
Galina Mitrohovitch  Identity Verified
Local time: 22:23
Portuguese to Russian
+ ...
TOPIC STARTER
Lições? Jan 22, 2012

Ivana de Sousa Santos wrote:

Contra uma cliente inglesa.

O meu advogado meteu uma injunção no tribunal e acabei por receber não só o dinheiro que me deviam como também o dinheiro do valor gasto na injunção. No fundo apenas gastei dinheiro com o advogado. Eu tinha os mails trocados com a cliente e os recibos verdes passados.

Não deixe de fazer esta injunção, Galina, pois fica sempre com um título de dívida. Os tribunais chegam até a penhorar os devedores para que paguem.

Posso fornecer-lhe o nº do meu advogado em privado se quiser.


Obrigada, Ivana. Sim, eu li a sua história. Vou escrever-lhe em privado.

Lições
Não sei. Como posso me culpar pela emissão prévia do recibo verde, se a prática é esta e continua a ser, mesmo depois da introdução dos recibos verdes electrônicos, isto é, primeiro o recibo, depois o pagamento. Mesmo a CGTP-IN pediu-me primeiro o recibo e pagou a seguir (sem demora).
Tive azar é com o advogado.


 


To report site rules violations or get help, contact a site moderator:


You can also contact site staff by submitting a support request »

“Dignidade dos tradutores”






Trados Studio 2022 Freelance
The leading translation software used by over 270,000 translators.

Designed with your feedback in mind, Trados Studio 2022 delivers an unrivalled, powerful desktop and cloud solution, empowering you to work in the most efficient and cost-effective way.

More info »
Wordfast Pro
Translation Memory Software for Any Platform

Exclusive discount for ProZ.com users! Save over 13% when purchasing Wordfast Pro through ProZ.com. Wordfast is the world's #1 provider of platform-independent Translation Memory software. Consistently ranked the most user-friendly and highest value

Buy now! »